terça-feira, dezembro 06, 2011

COISA SIMPLES

Olá amigos!

Pensaram que eu tinha abandonado o blog? Não mesmo. É que andei fazendo outras coisas, laborando em outras searas e ... bem, não consegui dar conta de tudo. Então resolvi dar um tempo. Mas aqui estou novamente!!! Voilá!

Minha estada fora do ar foi muito boa para mim. Até agora tenho recebido emails perguntando se estou bem e quando voltarei a postar. Confesso que essa receptividade, essa consideração me faz um bem danado. E aí, fiquei pensando que escrever emails, mostrar às pessoas, vez ou outra, que apreciamos algumas coisas que fazem, e, no meu caso particular, trazer-me à lembrança que gostam de ler os textos que escrevo, no fundo, no fundo, é coisa muito simples de se fazer. É só escrever um email. Tão simples que eu também poderia ter feito... Tantas vezes gostei de tantas coisas. É. Mas não fiz. Pensando bem, parece uma coisa simples. Não é. É um ato delicado, gentil, elegante e profundo. Um ato que sai da superfície, sai do descarte tão comum hoje em dia. É um ato de se importar com o outro. E mais ainda se eleva, porque feito por pessoas com quem não tenho a menor intimidade, que nem sequer conheço pessoalmente, mas que de certa forma se sentem impulsionadas pelos textos que escrevo. Pense comigo: tem coisa mais legal do que as pessoas manifestarem seu carinho assim, de forma tão superlativa? Taí um bom propósito para 2012, exercitar gentilezas. Ihih, será que ando com o coração mole? Okok, ando. E estou na contramão, reconheço. Enfim. Prometo que, daqui para diante, vou exercitar esses gestos tão bacanas, essas bobagens cada vez mais raras na modernidade.

Beijos a todos.
P.S. Podem continuar me escrevendo emails, estou adorando.

sexta-feira, julho 01, 2011

E.G.E. (Esquadrão Geriátrico de Extermínio)

Olá pessoal!

Brrrrr, que frio!!! Lembro de Hilda Hist, poeta íntegra, e sua literatura quente. Você já leu Hilda Hilst? Se não leu, não sabe o que está perdendo. Então, prepare-se para conhecê-la porque agora eu trouxe para você uma crônica que faz parte do meu acervo particular. Acho ótima, perfeita, atual. (Quisera ter sido eu a escrevê-la). Foi publicada no Correio Popular de Campinas - SP, lá pelos idos de 1993, mas como já falei aqui, o talento de Hilda Hilst é imune à passagem do tempo.

Hilda Hilst

O poeta pode ser violento. A maior parte das vezes contra si mesmo. Um tiro no peito, gás, veneno, um tiro na boca, como fez Hemingway, que também foi poeta em O Velho e o Mar; Maiakóvski, um tiro no peito; Sylvia Plath, gás de cozinha; Ana Cristina César, um salto pelos ares; etc etc etc. "Os delicados preferem morrer", dizia Drummond. Mas esta modesta articulista, sobretudo poeta, diante das denúncias feitas pela revista Veja, todos aqueles poços perfurados em prol de uma única pessoa ou em prol de amiguelhos de sua excelência, presidente da Câmara, senhor Inocêncio (a indústria da seca), e o outro com seu lindo carro às custas de gaze e esparadrapo... Credo, gente, quando você vê televisão ou in loco o povão famélico, desdentado, mirrado... Um amigo meu foi para o Ceará e passou os dias chorando! As crianças todas tortas, todos pedindo comida sem parar... e 500 toneladas de farinha apodrecendo... e montes de feijão desviados para uma só pessoa... (um parênteses, porque meu coração de poeta pede a forca, o fuzilamento, cadeia, cadeia para aqueles que se locupletam à custa da miséria absoluta, da dor, da doença). Gente, eu já estou uma fúria e para ficar mais calma proponho algumas coisas mais sutis, por exemplo: o Esquadrão Geriátrico de Extermínio, a sigla óbvia seria EGE. Arregimentaríamos várias senhoras da terceira idade, eu inclusive, lógico, e com nossas bengalinhas em ponta, uma ponta-estilete besuntada de curare (alguns jovens recrutas amigos viajariam até os Txucarramãe ou os Kranhacarore para consegui-lo) nos comícios, nos palanques, nas Câmaras, no Senado, espetaríamos as perniciosas nádegas ou o distinto buraco malcheiroso desses vilões, nós, velhinhas misturadas às massas, e assim ninguém nos notaria, como ninguém nunca nota a velhice. Nossas vidas ficariam dilatadas de significado, ó que beleza espetar bundões assassinos, nós faceiras matadoras de monstros!
O curare é altamente eficiente, provoca rapidinho a paralisia completa de todos os músculos transversais (bunda é transversal?) e em seguidinha sobrevém a morte por parada respiratória. Ficaríamos todas ao redor do coitadinho, abanando: óóóó, morreu é? Um pedido ao presidente Itamar: severidade, excelência, é ignominioso, indigno, insultante para todos nós, deste pobre Brasil tão saqueado, que essas terríveis denúncias terminem no vazio, no nada, na impunidade. É sobretudo perigoso porque:

de cima do palanque
de cima da alta poltrona estofada
de cima da rampa
olhar de cima

LÍDERES, o povo
Não é paisagem
Nem mansa geografia
Para a voragem
Do vosso olho.

POVO, POLVO
UM DIA.
O povo não é o rio
De mínimas águas
Sempre iguais.

Mais fundo, mais além
E por onde navegais
Uma nova canção
De um novo mundo.

E sem sorrir
Vos digo:
O povo não é
Esse pretenso ovo
Que fingis alisar,
Essa superfície
Que jamais castiga
Vossos dedos furtivos.

POVO. POLVO.
LÚCIDA VIGÍLIA.
UM DIA.
Beijos a todos e um ótimo final de semana.

sábado, junho 25, 2011

SITUAÇÃO

Olá todo mundo!
Recebi alguns emails pedindo-me para escrever algo sobre o Direito na internet, numa abordagem dirigida aos blogueiros(as). Vou escrever, prometo. Em breve um post sobre o assunto. Hoje vai só uma palhinha, pra situar.

Quando pequena eu tinha um certo talento para a ingenuidade factual. Acreditava que se fosse obediente e estudiosa seria recompensada: ganharia as coisas que eu gostava. Acreditei durante muito tempo que o bem-te-vi era meu amiguinho particular, que ele cantava dizendo "bem-te-vi", apenas para avisar minha avó que eu estava me comportando bem, que estava pronta para receber os presentes. Foi um choque quando a ficha caiu, quando eu soube que as tais recompensas não funcionavam bem assim, que conduta ilibada é dever de cada um de nós. E que os bem-te-vis sempre cantavam daquela forma, porque era aquele o seu canto. Talvez eu ainda descubra outros equívocos desse tipo na minha vida, sei lá. (É possível, mas improvável, creio eu). No final das contas guardo comigo a lição básica que tirei de tudo isso: na vida sempre há algo para se aprender. Se estamos vivos, aprendemos. Que tal então abandonar de vez a ingenuidade e aprender que na internet ninguém, absolutamente ninguém é anônimo e que portanto você não pode fazer o que quiser, e que se abusar de seu direito de expressão e sair ofendendo os outros e violando os direitos autorais, pode sofrer punições legais e jurídicas? Saiba que no mundo virtual, como no real, ninguém pode simplesmente mandar às favas qualquer resquício de ética que já tenha tido. Pense nisso e não marque bobeira.

Beijos a todos.

terça-feira, junho 21, 2011

DROPS

Oi, desculpe, ando sem tempo. Não consigo mais postar nem comentar. Motivo? A cirurgia que meu marido fez na perna. Mas tudo correu bem, graças a Deus. Sei, senti, que você lembrou de nós em suas orações. Obrigada, por isso.

* * *

Gente, voltamos pra casa! Que maratona! O bom mesmo é que ele está melhorando rapidamente. E a novidade é que estou fazendo uns bicos: nas horas vagas sou enfermeira, atendente, secretária e motorista particular! Já viu. Nos dias em que estive no hospital, aproveitei pra ler um livro que minha filha me intimou. Chama-se "Solar", do norteamericano Ian McEwan. Achei delicioso e divertidíssimo. E superbem escrito. Fazia tempo que um escritor não me fazia dar umas boas risadas, principalmente a considerar o inusitado da situação: eu de acompanhante num hospital, em full time. Esse livro me ganhou. Minha filha leu "Sábado" e "Na Praia" e disse que são ótimos também. Ela é apaixonada por esse autor.

* * *

Tem chovido de montão por aqui. Como falei alhures, estou tendo que enfrentar o trânsito, por minha conta e risco. E que risco. Gente é um trânsito caótico. O planeta inteiro motorizado, transitando na rua, no meio da chuva. Olha, não sei o que impede as pessoas de se organizarem mentalmente para o trajeto que pretendem fazer. Puxa vida, se eu sei que daqui a duas ou três quadras terei que dobrar à direita, não seria mais lógico que eu estivesse na pista da direita  antes  do momento de dobrar? Evitaria tranqueiras e o trânsito fluiria melhor, óbvio. Mas então porque algumas (muitas) pessoas não têm esse mínimo de discernimento? Porquê? Definitivamente, essa desordem mental me enerva. E os pedestres na chuva? Mamma mia, loucura total.

* * *

Ultimamente ando sonhando com um teletransporte. Mesmo.

Beijos a todos.

quarta-feira, junho 15, 2011

BLOGAGEM COLETIVA - FASES DA VIDA: JUVENTUDE

Olá todo mundo!


O tema da blogagem é juventude. Hora de remexer o baú das recordações. Lá vai...

CHOCOLATE COM CERVEJA

Janeiro. Férias. Nós em Porto Alegre-RS. No money e eu doida pra sair um pouco da cidade, respirar. Foi então que um casal de amigos teve a ideia de fazer uma pescaria e meu marido disse que conhecia uma lagoa que dava muito peixe. O problema é que teríamos que viajar, pois a tal lagoa ficava pertinho da  fazenda velha, em Santa Maria, nossa terra natal. Logo, teríamos que acampar. Lembro perfeitamente que a namorada do tal amigo apressou-se em anunciar que levaria a barraca. E levou.

Éramos 8 - duas gurias e seis guris. Todos na faixa dos vinte, menos eu, com 17. Com exceção do casal de amigos, os outros eram primos e um deles, irmão do meu marido. Uma gurizada. Não lembro exatamente quem fez as compras no supermercado. Só lembro que alguém perguntou e alguém respondeu que estava tudo nos trinques.

E lá fomos nós, em dois carros. Chegamos em Santa Maria e seguimos viagem. Saindo do asfalto pegamos uma estrada de chão batido, toda esburacada, um terror. Passamos por Arroio do Só, macilenta, desértica, andamos mais alguns quilômetros e chegamos finalmente ao lugar de onde teríamos que seguir a pé até o nosso destino. O sol estava alto, mas dentro em pouco começaria a anoitecer. Fazia um calor dos infernos. Não lembro os outros, mas eu estava muito cansada e superempoeirada. Avistamos a tal lagoa, na outra margem do rio. Era um lugar muito lindo. Isso eu sabia, já passara naquelas imediações, algum tempo atrás. Pegamos nossas tralhas e atravessamos o rio, numa parte bem rasinha. O rio era transparente, não esqueço.

Putz, me perdi. Ah, sim. Hora de armar a barraca. Então a primeira surpresa: uma mini barraquinha, daquelas que só cabiam dois! Mas como? A gente estava tão confiante. Okok. Todo mundo achou tudo muito engraçado e ficou resolvido que as gurias se instalariam na barraca. E os guris? Na cerveja e na pesca, oras!  À noite, sob a luz do lampião, tudo era motivo de riso, farra mesmo. E a cerveja corria solta.

Lá pelas tantas bateu a fome. E veio então a segunda surpresa: tinha água, erva-mate, condimentos, cervejas, material de higiene, repelente de insetos, etc. e... zero comida. Santo Cristo, e agora? Aos peixes. Nossa barriga roncava alto. Alguém pescou um peixinho, grelhamos e dividimos irmãmente. A noite avançou e nada de peixes, só uma cobra dágua. Lá pelas tantas começou a esfriar. Um frio ducaralho, como diria meu filho. Roupas quentes? Nada. Quem suspeitaria daquele frio? E a fome pegando pesado. Então lembrei do chocolate que eu havia trazido. Era uma barra grande, sou louca por chocolate! Dividi com a turma. E foi esse o nosso único alimento.

Na madrugada, todo mundo mais pra lá do que pra cá, de tanta cerveja e tanta fome. E congelados. Ninguém queria mais saber de peixe nem do fogo de chão. Dois de cada vez, por um tempo "x", entravam na mini-barraca pra se aquecer. Naquela noite, literalmente, comemos o pão que o diabo amassou. Mas apesar de tudo, nem por um instante pintou a discórdia entre nós. Aguentamos firme.

Na manhã seguinte um dos guris resolveu dar uma rápida explorada no território em volta. E a surpresa final: bem ali, a poucos passos de nós, havia um galpão, e mais adiante a morada do caseiro, gente boa, conhecida de nós. Uau. Se a gente adivinhasse, eu estaria hoje, contando outra história.

Retornamos para casa, nosso paraíso, descobrimos.

Nunca mais esqueci aquele episódio. Nem a fome, nem o frio, nem o cansaço tiraram a magia daquela noite e a beleza daquele lugar. Agora, se a tal lagoa dá peixe, isso pra mim é história de pescador. Em todo o caso, o saldo até que foi positivo: um peixinho e uma cobra dágua. Tsc, tsc. Quer saber? O saldo foi pra lá de positivo! Solidariedade: dez; companheirismo: idem. E hoje em dia, rende um bom ibope: os amigos nossos, dos nossos filhos, etc, todo mundo adora quando conto esse causo. Óbvio, ao vivo e a cores, trago os detalhes que omiti pra não alongar esse post. E a gente ri muito. Nossos primos também já passaram adiante a história. O casal de amigos? Separaram-se e eu nunca mais tive notícias.

De resto, a juventude foi palco dessa (in)experiência fantástica, desse episódio que em si, foi o festival dos horrores, rsrs, mas, sem dúvida, um baita up grade na preparação para a vida que cada um de nós teria a partir dali.

Beijos a todos.

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Cheguei agorinha do hospital. Amanhã cedo será a cirurgia do meu marido. Contei tudo no post anterior. Demorou, porque precisava antes estabilizar a pressão. Deus nos abençoe.

Sorry, fiz esse post, rapidinho, nem revisei.

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Esta postagem é minha participação na Blogagem coletiva  proposta pelas amigas:
Rosélia do http://espiritual-idade.blogspot.com/
Gina do http://nacozinhabrasil-gina.blogspot.com/
Rute do http://publicarparapartilhar.blogspot.com/

sábado, junho 11, 2011

EM BANHO-MARIA

Olá turma,

Poucas vezes encaro a direção do carro. Por uma questão de foro íntimo: não gosto de dirigir. Ainda mais nesse trânsito maluco. Meu marido, filhos, genro e nora dirigem para mim. Dirijo só por necessidade. Logo, nunca considerei a hipótese de dirigir a caminhonete de minha filha. Quando ela me falava, mãe é mais fácil pra ti, experimenta, é tudo automático, tu não tens que te preocupar com nada e blablablá, eu recorria a todos os chavões pra encerrar o assunto: só dirijo o meu peugeot. Ponto. E quando eu quiser. Ponto. Pra que vou pegar essa enorme caminhonete, sem embreagem? Sem mudanças? Tô fora.

Hoje, depois de ter dirigido, por absoluta necessidade, durante uma semana inteirinha, a tal caminhonete, já penso diferente. Quer saber? Amei! Moleza, é só cuidar o volante. Um legítimo carro de preguiçoso, rsrs. Acelero e ela anda; freio e ela pára. E na subida, arranca sem descer um centímetro para trás. (Seguinte: esse é um segredo que conto só pra você, pois pretendo continuar no meu embalo de sempre, com motoristas e tudo o mais, hehe).

Chega de papo furado. Falei, falei e não contei o que me levou a encarar a direção com tanto empenho. Olha só. Meu marido aprontou. Esse verbo aí fica por conta da minha netinha: "Ô vô, que foi que tu aprontou?" Malandra. Rsrs.

Ele quebrou a perna direita em cinco lugares. C i n c o. Ninguém merece. Segunda vai direto pra cirurgia. Estamos no maior sufoco, rezando, pedindo a proteção divina. Que coisa, ele estava aqui no sítio, simplesmente caminhando, quando trancou o pé na raiz duma árvore, o corpo alavancou e pimba! Agora? Bom, agora os cuidados necessários. No mais, ele precisa de duas coisas básicas: espaço pra espichar a perna e... motorista! Tsc, tsc. Sentiu?

É neguinha, chegou a tua vez. Hora de arregaçar as mangas e carregar o marido pra lá e pra cá, enquanto for necessário. Onde? Na caminhonete, oras! Com aquele espação não tem perna que aperte. Ainda bem que a Hilux SRV - é esse o nome dela - já me tranquilizou: vai me levar pra onde eu quiser, é só acelerar e frear. Touché.

Moral da história: "nunca despreze a caminhonete de sua filha, um dia teu marido pode aprontar, e você vai precisar umas caronas, e então...".

Beijos a todos