segunda-feira, março 24, 2014

O PEQUENO PRÍNCIPE

antoine de sait exupéry

Le Petit Prince, conhecido no Brasil como "O Pequeno Príncipe", é um romance que foi escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry, e publicado um ano antes de sua morte, em 1944. É citado como o livro francês mais vendido do mundo, traduzido em pelo menos 160 idiomas. É mole?

Vou dizer uma coisa pra você. Faz muito tempo que li e venho lendo esse livro. Não o dispenso, pois ele é para mim a representação poética da criança que existe dentro de cada um de nós. É um livro-infantil-para-adultos. A cada leitura que faço encontro um novo significado. É impressionante, mas no decorrer da história a gente vai percebendo nossas mazelas, a inversão dos valores, os equívocos que cometemos ao avaliar as coisas e as pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos remetem, insidiosamente,  à solidão física e psíquica.

Acontece que ao assumir a postura definitiva de adultos, enfiamos a cabeça em nossas preocupações e acabamos sepultando para sempre a criança que fomos. Para Exupéry os adultos eram incapazes de entender o sentido da vida, pois haviam abandonado a criança que um dia foram. Ele achava difícil para os adultos (esses seres estranhos) compreenderem toda a sabedoria de uma criança.

Aff. Será mesmo que nos tornamos 'gente grande' e esquecemos que um dia fomos crianças?

A história é muito legal e acontece bem no meio do deserto, após o avião do autor sofrer uma pane (ah, esqueci: na Segunda Grande Guerra ele era piloto). Começa com o principezinho acordando o autor, com essas palavras: "Desenha-me um carneiro"? A partir daí, temos o relato das fantasias de uma criança, que com pureza e ingenuidade, questiona as coisas mais simples(?) da vida. O livro é recheado de personagens inusitados e plenos de simbolismos. Adoro a passagem onde a raposa ensina ao principezinho o segredo do amor: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. 

Vamos matar a saudade e ler um trechinho?
"Levei muito tempo para compreender de onde viera. 
O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas. Palavras pronunciadas ao acaso é que foram, pouco a pouco, revelando tudo. Assim, quando viu pela primeira vez meu avião (não vou desenhá-lo aqui, é muito complicado para mim), perguntou-me bruscamente:
- Que coisa é aquela ?
- Não é uma coisa. Aquilo voa. É um avião. O meu avião.
 Eu estava orgulhoso de lhe comunicar que eu voava. Então ele exclamou :
- Como ? Tu caíste do céu ?
- Sim, disse eu modestamente.
- Ah! Como é engraçado...
E o principezinho deu uma bela risada, que me irritou profundamente. Gosto que levem a sério as minhas desgraças. Em seguida acrescentou:
- Então, tu também vens do céu ! De que planeta és tu ?
Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença, e interroguei bruscamente:
- Tu vens então de outro planeta ?
Mas ele não me respondeu. Balançava lentamente a cabeça considerando o avião :
- É verdade que, nisto aí, não podes ter vindo de longe...
Mergulhou então num pensamento que durou muito tempo. Depois, tirando do bolso o meu carneiro, ficou contemplando o seu tesouro.
Poderão imaginar que eu ficaria intrigado com aquela semiconfidência sobre « os outros planetas ». Esforcei-me, então, por saber mais um pouco :
- De onde vens, meu bem ? Onde é tua casa ? Para onde queres levar meu carneiro ?
Ficou meditando em silêncio, e respondeu depois :
- O bom é que a caixa que me deste poderá, de noite, servir de casa.
- Sem dúvida. E se tu fores bonzinho, darei também uma corda para amarrá-lo durante o dia. E uma estaca.
A proposta pareceu chocá-lo :
- Amarrar ? Que idéia esquisita !
- Mas se tu não o amarras, ele vai-se embora e se perde...
E meu amigo deu uma nova risada :
- Mas onde queres que ele vá ?
- Não sei... Por aí... Andando sempre para frente.
Então o príncipezinho observou muito sério :
- Não faz mal; é tão pequeno onde moro !
E depois, talvez com um pouco de melancolia, acrescentou ainda :
- Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe..."

* Os grifos são meus.
* Post publicado originalmente em 28.03.2011

- Marli Soares Borges -

35 comentários:

  1. Verdade Marli, um clássico além do imaginável.
    Vale a pena ler e reler.
    Não o tenho aqui, porém acho que está na hora de presentear meu filho.
    Xeros

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  2. Marli,


    Esse dá para ler muitas vezes,lindo demais!


    Um abraço, Marluce

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  3. Marli,


    Esse dá para ler muitas vezes,lindo demais!


    Um abraço, Marluce

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  4. Esse livro é realmente um clássico! E maravilhoso!
    Já o li várias vezes e tenho um exemplar de quando eu tinha 13 anos.
    Adoro!
    beijos Marli.

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  5. Oi Marli! To de volta querida!
    Que belo post! Grande sacada!
    O ideal, é que curemos nossa criança interna machucada.. e sejamos humildes de coração... afinal.. "vinde a mim as crianças e os que são puros de coração!"

    Gosto demais da frase... "Tu te tornas responsável por tudo aquilo que cativas..."
    Eu assisti ao filme com minha vó... jamais vou me esquecer... ( Vou comentar isso com ela quando a encontrar!) muitos anos depois li o livro... amei!

    Beijos!

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  6. Claro que acertaste.É lindo sempre!beijs e ótima semana,chica

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  7. Oi Marli

    Este livro nos faz repensar os valores perdidos da infância.
    Também adoro ler e reler este clássico.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  8. Marli, verdadaeiramente, um livro de releituras!

    Agora,o que nunca me saiu da mente, desde que o li pela primeira vez, é a história do astrônomo turco. Ele vai lá no Congresso vestido com suas roupas culturais e ninguém liga para a descoberta dele (era o asteroide em que morava o pequeno príncipe). Aí, no ano seguinte, ele vai de novo ao Congresso, mas, agora, de terno e gravata, e diz as mesmas coisas do ano anterior. É aplaudido de pé!

    É, somos assim mesmo. Tristes adultos totalmente distantes uns dos outros.

    Abraços sempre afetuosos.

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  9. Outro dia eu estava pensando sobre a importância que esse livro tem para a nossa cultura (ocidental, pelo menos). Atualmente, por exemplo, ele é uma leitura quase obrigatória de 8 aos 80(ou mais. rsrs). Quanto mais o individualismo e a competitividade vão se alastrando entre nós, mais Pequenos Principes deveriam ser colocados nas cabeceiras das camas. Para aquelas horas em que a gente vai querer dormir pensando em como tem sido os dias, as relações... Imperdível, Marli! Meu abraço. Paz e bem.

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  10. Ah, é lindo mesmo... Foi minha primeira leitura em francês. Há leitores e "lleitores" do Pequeno Principe, livro "de cabeceira" das candidatas a Miss Brasil... rs...Um livro que sempre releio com carinho e que apresentei aos meus filhos e netos...
    Amei esta sua postagem...
    Beijos

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  11. marli
    Houve uma época na minha vida que o li 365 dias este livro o an o todo.
    E depois pasei pra frente. Pois adoro passar os meus livros pra frente.
    E hoje agora me deu vontade de reler.
    Vou ver se aguem de perto tem pra me emprestar.
    Quando fui diretora de uma escola particular fizemos um tatro com este livro. Ficou deslumbrante.
    om carinho Monica

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  12. Sabe Marli, eu leio muito e há muito tempo e até hoje não encontrei nenhum outro livro que me trouxesse mais encantamento que esse. Toda vez que me perguntam sobre um livro que eu tenha gostado, não hesito em dizer que O Pequeno Príncipe está no topo sempre dos que mais aprecio. Muito bom vc ter lembrado dele hoje e já deu vontade de tomá-lo nas mãos novamente.

    Beijos

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  13. Adoro este livro!
    "Você é responsável por aquilo que cativas..."rs

    E a rosa manhosa???

    Foi ótimo relembrar!

    bj

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  14. É verdade, Marli, o livro "O pequeno príncipe" merece ser livro de cabeceira, para de vez em quando se folhear e ler um ou dois capítulos.

    Não há nada que pague conservarmos no nosso íntimo a criança que um dia fomos e, sempre que for possível, libertá-la e deixá-la cometer pequenas loucuras.

    Gostei muito deste teu post.

    Boa semana. Beijinhos

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  15. Saber ser criança é o grande segredo da vida.
    Foi bom recordar.
    Beijos.

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  16. Taí um livro que sempre encontro, me encontro e desencontro.
    "Tu te tornas responsavel por aquilo que cativas". Delicie-se.
    Eu, deliciei-me

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  17. É uma história linda esse livro. Cheio de fantasias há muito esquecidas. Acho interessante a biografia do autor. Me fez fantasiar também...rsrsrs

    Um abraço Marli!

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  18. impossível não curtir, não fechar os olhos e pensar na primeira, na segunda e na terceira vez que li. adorei. boa semana

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  19. Esta história é eterna, beijo Lisette.

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  20. Com toda certeza. E também gosto muito desse livro, das grandes verdades que nos ensina, de uma forma tão lúdica.

    Grande beijo
    Socorro Melo

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  21. Demais Marli,

    Olha que coincidencia. Este domingo estava fazendo uma "faxina" na casa da sogra (livros antigos do marido) e o que eu achei? Este livrinho.
    Comecei a folheá-lo logo no início, mas parei (senao nao terminava a limpeza).

    Beijoooos

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  22. Marli!!Muito lindo isso!! adorei relembrar!
    deu até vontade de ler novamente!
    Obrigada por essa generosidade,de dividir algo tão encantador!
    bjs

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  23. Olá, Marli, este livro será sempre atual, adoro a frase:
    “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.

    Bota verdade nisso, é com esta sensibilidade que todos nós deveríamos pensar e agir com nossos semelhantes; aposto que teríamos melhores relacionamentos, um mundo mais fraterno.

    Um beijo pra você.
    Tais Luso

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  24. Não fui e nem sou candidata a miss, hehehe, mas este livro continua a ser um dos meus preferidos... Não é da tua época, mas lembro que o Ronie Von tinha uma música que falava do Pequeno Príncipe... kkkkkk

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  25. Marli,esse trecho já sei quase de cor de tanto que gosto tb! Creio que temos que estar sempre nos religando á nossa criança interna,pois o mundo do jeito que é muitas vezes nos faz esquece-la! Bjs e boa semana pra vc,

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  26. Belo livro! Sábio compartilhamento...
    Beijos, obrigada pela visita. Boa semana.

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  27. Você tem toda razão de continuar lendo esse livro pela vida afora. É muito lindo e cheio de sabadoria. Cabe sim, a cada dia uma nova leitura. Bjos e grata pelo lindo post.
    Cam

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  28. Uma delícia relembrar, o mundo infantil encanta-me sempre, bjos Luconi

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  29. Me deu saudades da infância...
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br/

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  30. Acredito que este esquecimento seja uma das mazelas que contraímos na vida adulta, Marli.E, como ela é insidiosa, sorrateira, vai se instalando sem alarde até que nos domine por completo.
    Sorte tem quem cedo se cure dela.

    Esse é um livro eterno e sem dúvida não tem indicação etária.Há outros muito bons que nos provocam ótimas reflexões.
    Um abração.
    Calu

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  31. Menina, concordo absolutamente com tudo que escreveu.
    Eu não tinha lido esse livro em minha infância e adolescência e sabia que era um clássico. Enfiei na cabeça que tinha que comprá-lo (a minha edição é igual a essa que postou). Um dia, visitando uma amiga em Curitiba, entrei numa livraria e comprei - achei muito caro R$38,00, mas... uma obra de arte realmente tem valor elevado.
    Não preciso dizer que me apaixonei. É impressionante como ele descreve a pureza do princepezinho e como tiramos lições para a atualidade. É um livro atemporal e merece ser sempre relido.
    Gostei da sua postagem.

    Quanto a escrever, realmente não sou boa pra "poetar" rsrs. É que aquela imagem, por ter música, me inspirou.

    Hoje postei algo sobre o problema que muitos de nós estamos encontrando no blog, com uma solução que está funcionando.

    Abração esmagador e lindo dia.

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  32. Marli, foi bom refletir com você agora neste bonito post... Li O Pequeno Príncipe na adolescência, mas confesso que ele é inesquecível!! Muitas lições pra vida inteira...

    Muita paz, saúde e abraços...

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  33. O Pequeno Prince clipe e uma bela narrativa que também traz um pouco de fundo moral mas não abandonando o seu lado mais narrativo.

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  34. O Pequeno Prince clipe e uma bela narrativa que também traz um pouco de fundo moral mas não abandonando o seu lado mais narrativo.

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BOM VER VOCÊ POR AQUI!
Procurarei responder a todos e retribuir as visitas com a maior brevidade possível. Abraços. Marli