sábado, julho 17, 2010

DINHEIRO


Adoro esse filósofo rabugento. Falam mal dele, dizem que é pessimista, que tem uma visão ateísta do mundo, etc e muito etc. Touché! Cada um tem seu direito de opinar. Eu também. Acho que ele é o filósofo do realismo, isso sim. Ele vai a fundo nas filigranas da vida, e inclusive antecipou muitos sentimentos que a competição selvagem de hoje acabaram trazendo naturalmente para o nosso mundo. Talvez por isso, o chamem de rabugento, hehe, mas ele faz a gente pensar.

Claro que não concordo com tudo que ele diz, mas normalmente me empolgo com seus textos e leio e releio, não consigo desgrudar. É que ele, além de ser objetivo, não fica batendo sempre na mesma tecla, não enche a paciência da gente. E os assuntos são sempre interessantes.

Esse texto que estou postando é do meu arquivo particular. É uma passagem agudíssima e certeira sobre o valor do DINHEIRO.

Numa espécie tão carente e constituída de necessidades como a humana, não é de admirar que a riqueza, mais do que qualquer outra coisa, seja tão estimada e com tanta sinceridade, chegando a ser venerada; e mesmo o poder é apenas um meio para chegar a ela. 
Os homens são amiúde repreendidos porque os seus desejos são direccionados sobretudo para o dinheiro e eles amam-no acima de tudo. Todavia, é natural, e até mesmo inevitável, amar aquilo que, como um Proteu infatigável, está pronto em qualquer instante para se converter no objeto momentâneo dos nossos desejos e das nossas necessidades múltiplas.
De fato, qualquer outro bem só pode satisfazer a um desejo, a uma necessidade: os alimentos são bons apenas para os famintos; o vinho, para os de boa saúde; os medicamentos, para os doentes; uma peliça, para o inverno; as mulheres, para os jovens, etc. Todos eles, por conseguinte, são meramente bons para algo, ou seja, apenas relativamente bons. Só o dinheiro é o bem absoluto, porque ele combate não apenas uma necessidade in concreto, mas a necessidade em geral, in abstrato."
(Arthur Schopenhauer, em “Aforismos para a Sabedoria de Vida” (1851), do livro “Parerda e Paralipomena”).
ARTHUR SCHOPENHAUER - Filósofo alemão (1788-1860) nascido em Danzing (actual Gdansk, na Polónia) e falecido em Frankfurt.  A pronúncia correta de Schopenhauer é Xopenrráuer e não “Xopenauer” ou “Escopenauer”. E aí, você não tem obrigação de saber alemão, não é? Claro que não. Mas depois de ler esse texto, desista de alegar ignorância. Você sabe, cultura não mata ninguém. Mas é possível que incomode alguns governantes.

See you later.

18 comentários:

  1. é, Marli, mata os governantes cultos, o que convenhamos, não é o nosso caso. Esse homem foi de uma agudeza de espírito incrível, embora, dentre os filósofos, eu goste e conheça mais Kant e Descartes, este  último, na minha opinião, precursor de Kardec, alma límpida, brilhante, que deixou a Terra muito cedo. Mas dizem que os bons vão embora logo, né?
    Enfim, conhecimento nunca é demais.
    Beijos e ótimo fim de semana!!

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  2. Um acordar nesta madrugada e pôr os neurónios a funcionar em pleno.
    O dinheiro satisfaz todos os desejos...???
    Para uns sim, para outros não.
    O real valor da vida será sempre mais além do que é material e mundano.
    As fronteiras dos grandes homens estará para além das estrelas.
    Aí o dinheiro nada poderá comprar.

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  3. Só vc Marli, para postar bem cedinho um texto para nos acordar a mente...rsrs. Estou a brincar, adorei. Shopenhauer e Kirkegaard são tavez dois dos filósofos que mais gostei de estudar. Longe daquelas construções tão abstractas e dificeis de digerir, como as de Kant ou Hegel, os textos de ambos remetem-nos para o nosso dia a dia real, fazendo-nos reflectir sobre ele.
    Shopenhauer foi profundamente influenciado pelo Budismo e pelas filosofias orientais, daí também o meu gosto por ele...rsrs
    E se é o filósofo do "viver é sofrer", aponta para a possibilidade de supressão dessa dor através da arte,elevando a música á arte das artes e influenciando decisivamente o grande Wagner...
    Desculpa, Marli, acho que já falei demais e nem comentei sobre o dinheiro...rsrs
    Mas isso é só sinal de que seu post está tão bom que nos remete para outras reflexões.
    Bom Fim de Semana
    BEIJOS

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  4. Oi, Marli

    A valorização do dinheiro ultrapassa os limites do bem viver para muitos, do necessário, da simplicidade. Há os que preferem conservá-lo e não viver.

    Excelente domingo.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  5. Bom dia Marli!
    Não creio que o dinheiro possa satisfazer todos os desejos.
    Pelo menos os meus valores são outros...gosto de dinheiro mas sem idolatria!
    Beijo grande para um excelente final de semana.
    Astrid Annabelle

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  6. É, Marli, podem até chamá-lo de rabugento. Aliás, acho que quem costuma fazê-lo dever ser por sentir que alguma carpuça está servindo, não? rsrs. Você deve conhecer dele também A ARTE DE ESCREVER. É um dos melhores livros que li quando estava estudando sobre pessoas que falam sobre escrever. Eu fazendo uma espécie de metaleitura da metalinguagem. rsrs. Abração. paz e bem.

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  7. Adorei a sua postagem Marli. A filosofia de Schopenhauer tem aplicação atualíssima. Afinal, hoje em dia, o dinheiro tornou-se fim e não meio. Bem absoluto e supremo das sociedades em geral. Tal filósofo nos faz refletir. Parabéns!! Um bom final de semana, beijos prá ti!! :)

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  8. Reconhecer a importância do dinheiro é o primeiro passo para poder diminuir o poder dele e dar valor a outras coisas.
    beijos

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  9. Bom dia Marli.
    Sabemos que atrás de um rabujento existem muitas inquietações e pportanto uma luta para não aceitar o cotidiano que para muitos é o bastante.
    Sãbio esse Filósofo rabujento!
    Beijos de luz amiga.
    Goretti

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  10. Muito legal o texto dele, que gera realmente certa polemica, mas isso faz a gente pensar...

    Eu costumo dizer que o bem absoluto é a liquidez, que quer dizer... dinheiro no banco... mesmo assim se o banco não quebrar...rs...rs

    bjs

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  11. polemico à toda prova. foi bom ler . boa noite

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  12. Excelente blog, irei seguir com muito prazer.
    Aproveito para desejar um excelente Domingo.
    Bjs do tamanho do infinito
    Maria

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  13. Olá Marli
    Gosto deste filósofo e concordo que o dinheiro é imprescidível para muitas concretizações materiais, mas não concordo que seja o único para o bem estar.
    Bjs.

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  14. Gostei do blog!

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  16. Não há como não reconhecer o valor que nós mesmos entregamos ao dinheiro, o tornando assim nosso maior objeto de cobiça. Mas também é interessante notar como por diversos momentos percebemos sem o amor e sem Deus o dinheiro pouco nos completa. Acredito que estamos melhorando... pouco a pouco.

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  17. Boa Noite Marli, se me permite a sem-cerimônia...
    Gostei de seu blog, me faltava "frequentar" algum que tratasse assim de filosofia - aplicada ao cotidiano; no meu círculo de amigos virtuais (que espero tê-la incluída)a gente aplica o cotidiano à filosofia! :-)
    Pretendo me demorar um pouco mais em outras visitas, olhando que está pra trás, caso não se incomode. Por ora, grande abraço, obrigado pela visita lá no arquitetura e poesia, volte sempre!
    Adhemar

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  18. Eu não penso que o dinheiro seja a solução definitiva, pois ele não cura a morte...

    Fique com Deus, menina Marli.
    Um abraço.

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BOM VER VOCÊ POR AQUI!
Procurarei responder a todos e retribuir as visitas com a maior brevidade possível. Abraços. Marli